Não tinha a dimensão da catástrofe que isto poderia gerar e o fato é que de repente vi tudo ruir. O consumismo de bens materiais, que nunca fez muito sentido para mim, deu lugar a um consumismo de experiência. Este último, por sua vez é o grande responsável pela desconstrução do “Eu” enrustido de verdades e comportamentos impostos de tal forma em nossa vida que chegamos a acreditar que de fato todos precisam seguir o mesmo caminho.
De repente você vai achar que flexibilidade e qualidade de vida são muito mais importantes do que ganhar muito dinheiro. Vai constatar que nada que se compre pode te dar mais prazer do que estar com seus amigos e família. Gradativamente vai querer trocar as paredes por horizontes e terá crise de abstinência se ficar muito tempo sem contemplar um céu estrelado ou um pôr do sol. Sua vida estará próxima ao fim quando você achar que sempre pode aprender com outro, que vive de uma forma totalmente diferente da sua, e não se incomodar com o fato de que estava totalmente errado sobre algo que acreditava ser verdade pelo simples fato de não conhecer o outro lado.
A sua vida estará totalmente dilacerada quando não se incomodar mais com o comportamento alheio, que de nada interfere na sua vida, e entender que o importante é cada um agir da maneira que lhe arranca os melhores sorrisos. Será o fim quando você passar a ouvir mais do que falar, pensar antes de falar, se colocar no lugar do outro e agir com os outros da forma que gostaria que agissem com você.
Viajar te faz sentir pequeno em meio a imensidão de oportunidades de se aprender com o outro, que muitas vezes vive de uma forma tão diferente da gente. Viajar vai destruir a vida que projetaram para você, mas vai fazer surgir a vida que você escolheu para ser feliz